terça-feira, 15 de setembro de 2009

Anedotinhas do Pasquim

Imagem: internet


De manhã, o pai bate na porta do quarto do filho:

– Acorda, meu filho. Acorda, que está na hora de você ir para o colégio.

Lá de dentro, estremunhado, o filho respondeu:


– Pai, eu hoje não vou ao colégio. E não vou por três razões: primeiro, porque eu estou morto de sono; segundo, porque eu detesto aquele colégio; terceiro, porque eu não aguento mais aqueles meninos.

E o pai respondeu lá fora:

– Você tem que ir. E tem que ir, por três razões: primeiro, porque você tem um dever a cumprir; segundo, porque você já tem 45 anos; terceiro, porque você é o diretor do colégio.

(Anedotinhas do Pasquim. Rio de Janeiro. Codecri, 1981)


Postei esse texto com a intenção de que reflitamos sobre as possibilidades de trabalho com esse gênero em classes de Ensino Fundamental, baseando-se em teorias de interação linguística. Minha intenção, também, é que vocês o utilizem para a análise crítica-reflexiva no seu respectivo blog/portifólio.
Bom trabalho!

Para ler mais anedotas do pasquim, entre aqui.
Saudades de todas e todos.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Revolução?


Confesso que fico temerosa do discurso aparentemente igualitário e inovador do MEC a respeito do Novo Ensino Médio, pois guarda nas entrelinhas a disseminação de uma cultura meritocrática. Acredito que o indíviduo tenha realmente um papel muito importante na construção de sua própria jornada profissional [e pessoal], porém é imprescindível que todos disponham dos mesmos meios para alcançar objetivos. E isso é o que o governo está se propondo a fazer? Apenas 12% da população tem acesso a um ensino básico considerado bom neste país. Sabe de onde vêm esses 12%? Das escolas privadas.

Vejo discursos muito antagônicos atualmente - ao mesmo tempo que se prega a preservação ambiental por meio de ações coletivas, por exemplo, constrói-se uma educação rankeada em que vencem os melhores e em que há diferenças gigantescas separando o público e o privado em se falando de escolas. Ora, a preservação de florestas e rios é parte de um processo educacional que deveria privilegiar desde cedo a consciência de coletividade, de ações conjuntas e realmente grupais. Assim como a preservação dos bens culturais e do patrimônio público. A correta aplicação dos nossos impostos. A realização ética de toda e qualquer tarefa que alguém se proponha a realizar, seja na igreja, no escritório, em casa, na rua, na escola, no hospital. Então, estamos dando voltas em círculos?...

Sou bastante otimista em relação à Educação no Brasil, especialmente na escola pública. Entretanto é realmente necessária e urgente a tal revolução do título da matéria da IstoÉ n. 2079, de 16 de setembro de 2009. Basta entender o verdadeiro conceito de revolução, que não é simplesmente maquiar o modelo educacional existente. É, em sentido político, uma transformação radical. Em sentido figurado, é uma efervescência qualquer. De qual dos dois sentidos está falando a reportagem?

Professores que lutam e acreditam na Educação e na mudança social apoiada pela Educação buscam revoluções cotidianas quando provocam ebulições nos corações juvenis e agem em prol de uma espécie de transformação fundamentada especialmente em necessidades reais de crianças e jovens estudantes já calejados do modelo há tanto vigente. Professores igualmente calejados lutam, com as "armas" de que dispõem, para que as pessoas cresçam enquanto pessoas e enquanto cidadãs para que possam revolucionar(se) com as "armas" de que dispõem.

A minha dúvida é: será que o governo está preocupado em fornecer "armas" iguais, adequadas e suficientes para todos os jovens que conseguem chegar ao Ensino Médio? Quantos conseguem? Quantos permanecem? Segundo dados de Época, n. 587, de 15 de agosto de 2009, dos 10 milhões de jovens brasileiros entre 15 e 17 anos, apenas 5 milhões estão cursando o Ensino Médio, ou seja, a metade. E o MEC vai fornecer "armas" para o professor realizar a revolução?

A grande revolução mesmo seria a audiência dos realmente interessados em todo o processo educacional, aqueles que estão envolvidos diretamente no processo de ensino e aprendizagem - alunos, professores e gestores. E como não acredito na construção de uma sociedade baseada no individualismo - veja o que acontece hoje nos EUA -, espero um dia podermos ter nossas vozes sendo ouvidas pelos órgãos competentes.

Caroline Rodrigues
13 set 2009


Foto: internet